Sérgio Vaisman

 

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Obesidade pode ser um vicio
O mecanismo molecular que leva indivíduos ao vício em drogas é o mesmo que está por trás da compulsão pela comida, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas norte-americanos.
Os resultados fornecem uma explicação científica para algo que é verificado na prática em pessoas obesas, há muito tempo: assim como ocorre com a dependência em outras substâncias, largar o vício por alimentos muito calóricos e gostosos é algo extremamente difícil.
A pesquisa, coordenada por Paul Kenny do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida (Estados Unidos), foi publicada em março deste ano, na edição on-line da revista Nature Neuroscience.
Os resultados do estudo já haviam sido divulgados de forma preliminar em uma reunião da Sociedade de Neurociências, em Chicago, em outubro de 2009. Mas o artigo vai mais longe, demonstrando, pela primeira vez com clareza em modelos animais, que o desenvolvimento da obesidade coincide com a deterioração progressiva do equilíbrio químico em circuitos de recompensa do cérebro.
Quanto mais alimentos gostosos e calóricos os ratos comiam, mais esses centros de prazer do cérebro se tornavam cada vez menos sensíveis, fazendo com que os ratos utilizados no experimento desenvolvessem rapidamente o hábito de comer compulsivamente, consumindo quantidades maiores de alimentos saborosos e com altos teores de calorias, até se tornarem obesos. As mesmas mudanças cerebrais, encontradas nesses ratos “viciados” em alimentos gostosos e calóricos, ocorreram nos cérebros dos ratos que consomem grande quantidade de cocaína ou heroína e que leva ao uso compulsivo de drogas.
Os animais “viciados” procuravam sistematicamente os alimentos gostosos e calóricos e ingeriam o dobro das calorias dos ratos do grupo controle. Eles continuavam a comer compulsivamente, mesmo quando recebiam choques elétricos para tentar dissuadi-los de comer a comida mais gostosa. Colocados em uma alimentação balanceada, sem acesso a comida mais gostosa e calórica, esses ratos já “viciados” se recusaram a comer por 2 semanas.
O estudo do cérebro dos ratos que participaram desse estudo mostrou que os animais que mudaram a dieta mais profundamente, preferindo a comida mais saborosa e menos saudável, apresentavam modificações no metabolismo cerebral similar à encontrada nos animais viciados em cocaína.
Os centros de prazer do cérebro foram tão superestimulados com a comida altamente saborosa, que houve uma adaptação a esse estímulo, diminuindo os seus efeitos e exigindo uma estimulação cada vez mais intensa e constante, ou seja, cada vez mais alimentos saborosos e calóricos para a obtenção do mesmo prazer.
Eles descobriram que havia uma alteração no metabolismo da dopamina D2 cerebral, conhecida por ter um importante papel na vulnerabilidade à dependência química e à obesidade. A dopamina D2 é um neurotransmissor que é liberado no cérebro por experiências de prazer, como comida, sexo ou drogas. No caso do abuso de cocaína, por exemplo, a droga altera o fluxo de dopamina bloqueando sua recuperação, inundando o cérebro e superestimulando os receptores, levando, com frequência, a mudanças físicas na maneira como o cérebro responde à droga. O estudo mostra que o mesmo processo ocorre quando o indivíduo está viciado em alimentos calóricos e saborosos.
Essa descoberta confirma o que muitos já suspeitavam: o consumo exagerado de comida muito saborosa é um gatilho para uma resposta neuroadaptativa, semelhante ao vício, nos circuitos de recompensa do cérebro, causando obesidade por um mecanismo similar à dependência de drogas.

Referência


Dopamine D2 receptors in addiction-like reward dysfunction and compulsive eating in obese rats. Paul M Johnson & Paul J Kenny. NaJournal nameture Neuroscience, 13,Pages:635–641Year published:(2010). Published online 28 March 2010. www.nature.com/neuro

OBS: retirado do site www.clinicaberenicewilke.com.br
 
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