Sérgio Vaisman

 

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Muitas estatísticas na saude não passam de fraudes

Se eu lhe dissesse que existe um medicamento capaz de reduzir seu risco de sofrer um ataque cardíaco em 50%, voce não se impressionaria? Ou, então, o que dizer a respeito de uma substancia capaz de reduzir em 50% a possibilidade de recidiva de um cancer?
Se, por exemplo, eu disser que aquele mesmo medicamento, mencionado anteriormente, reduzisse a possibilidade de sofrer um ataque cardíaco na proporção de 2% para 1%, voce se impressionaria também? Duvido.De qualquer forma, uma redução de 2 indivíduos em 100 para 1 em 100 não deixa de ser de 50%. 2 em 100 para 1 em 100 é uma redução de 50% RELATIVA. A queda de risco, verdadeiramente, é de 1% de forma ABSOLUTA.Aí está a grande diferença:50% e 1%.
Sabendo disso, podemos avaliar o por que das companhias que fabricam medicamentos usarem os cálculos RELATIVOS de redução de riscos em todos os seus setores de propaganda. Se a mídia não utilizasse esses valores RELATIVOS, não teriam o que falar sobre os produtos pois as pessoas não mostrariam interesse. São pouquíssimos os estudos que publicam os valores ABSOLUTOS das estatísticas que compreendem os medicamentos.
A maioria das pessoas não possui condições de avaliar os dados se RELATIVOS ou ABSOLUTOS de modo que, tudo que aparecer como 50% ou 30% ou qualquer outro valor significativo parecerá ter muita importancia. O que verdadeiramente não se pode saber é que a maioria dos estudos com os remédios fornece resultados enganosos e de benefícios limitados. Infelizmente, quando os estudos prosseguem para se obter dados novos, os poucos benefícios frequentemente se tornam menos importantes e às vezes questionáveis, particularmente quando se fez pesquisas de curta duração.
Não se deixe enganar facilmente. Em todas as vezes que voce ouvir que um medicamento possa reduzir dramaticamente um fator de risco, diga a voce mesmo que isso pode ser uma forma manipulada de dados para lhe convencer que o produto é confiavel.As indústrias de medicamentos deveriam ser obrigadas a suspender o uso dos dados RELATIVOS em suas promoções e marketing. Se isso acontecesse, a própria mídia deixaria de lado muitas situações publicadas sobre problemas de saude.
Lamentavelmente, muitas mulheres vítimas de cancer de mama foram violentamente enganadas por estatísticas que prometem grande chance de reduzir recidivas com um medicamento largamente usado e cujos dados são falsos e interessantes às indústrias para que as pessoas que o usam contribuam para que aumentem os lucros.
Felizmente, um recente artigo publicado no New England Journal of Medicine se refere a esses dados RELATIVOS como provavelmente enganosos para os pobres coitados que precisam se tratar de doenças sérias.

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